sábado, 24 de julho de 2010

Rainha Joana I de Navarra

Joana I de Navarra ou Joana I de Champagne (Bar-sur-Seine, Aube, 17 de Abril de 1271 - Vincennes, Val-de-Marne, 4 de Abril de 1305) foi rainha da Navarra e condessa de Champagne desde 1274, e rainha consorte de Filipe IV de França de 1284 até à sua morte. Era filha do rei Henrique I de Navarra e de Branca de Artois.

Pela morte do pai, em Julho de 1274, aos 3 anos de idade tornou-se condessa de Champagne e Brie, e rainha de Navarra, sob regência da mãe. Vários interessados, tanto navarreses como castelhanos, aragoneses e franceses, tentaram tirar proveito da minoridade da herdeira e da fraqueza da regente mulher, o que as levou a procurar protecção na corte de Filipe III de França.

Fazendo fracassar os planos de Afonso X de Leão e Castela, que pretendia casá-la com um filho seu, aos 13 anos de idade Joana casou-se com o príncipe herdeiro da França, Filipe o Belo, a 16 de Agosto de 1284. No ano seguinte Filipe III de França morreu, Filipe IV subiu ao trono e Joana foi coroada rainha consorte de França. O seu esposo implementou as políticas da França também no reino de Navarra:

Desvalorização da moeda, baixando o seu peso de ouro e de prata
Imposição de fortes impostos aos judeus, banqueiros lombardos e ao clero
Isenção de obrigações aos servos em troca de dinheiro
Venda de títulos nobiliárquicos a burgueses ricos
Perseguição à Ordem dos Templários
O regime francês acentuou o anti-semitismo do reino ibérico, com os reis a limitar a ação dos judeus ao proibir a usura, estabelecendo que não poderiam cobrar juros pelos seus empréstimos.

Cedeu a igreja de Corella à Ordem de Grandmont com todas as suas rendas, avaliadas em 125 libras por ano. Em troca, os bens do mosteiro de Tudela reverteram para a coroa, com a excepção do solar em que estava edificado, a horta, o aqueduto e o aproveitamento do monte de la Bardena junto a esta cidade.


Selo de Joana I de NavarraJoana era uma mulher de grande inteligência e vivacidade, amante das artes e letras, tendo fundado a Universidade de Navarra. Durante o seu reinado chegou liderar um exército contra o conde de Bar quando este se revoltou contra a sua soberania. No entanto não conseguiu anular o Fuero General de Navarra, um aforamento escrito em 1250 pela nobreza para evitar os abusos dos reis.

Em 1304 adoeceu e transferiu o seu título ao primogênito, Luís I de Navarra, de quinze anos. Este casou no mesmo ano com Margarida, filha de Roberto II, duque da Borgonha. Segundo outras versões, foi o seu esposo quem continuou como rei de Navarra, Luís só governando depois da morte do pai em 1314, quando subiu também ao trono da França como Luís X de França.

Joana morreu em 4 de Abril de 1305, sob circunstâncias misteriosas. Um cronista chegou até a acusar o seu esposo de assassinato. Todos os seus três filhos varões sobreviventes acabariam por se tornar reis de França e de Navarra, um após o outro. A sua filha Isabel de França casou-se em 1308 com Eduardo II da Inglaterra, tornando-se rainha consorte dessa nação.

Navarra e França permaneceram em união pessoal até 1328. A morte do seu último filho varão, Carlos IV de França, trouxe a coroa de Navarra para Joana II de Navarra e para a casa de Évreux, e a da França para Filipe VI da casa de Valois. Esta última sucessão foi contestada por Eduardo III da Inglaterra, filho da sua filha Isabel, o que originou a Guerra dos Cem Anos entre as duas nações
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Rainha Margarida da Borgonha

Margarida da Borgonha (1290 - Château-Gaillard, Normandia, 30 de Abril de 1315) foi rainha consorte de Navarra desde 1305, e de França, desde 1314 e até à sua morte, através do seu casamento com o rei Luís X de França (Luís I de Navarra).

Margarida nasceu no seio da família ducal da Borgonha, filha do duque Roberto II e da princesa Inês de França, filha do rei São Luís da França. Casou-se com o primo Luís, rei de Navarra e herdeiro da coroa francesa a 23 de Setembro de 1305 em Vernon, na Alta Normandia. Desta união nasceu uma filha, Joana, a 28 de Janeiro de 1312, que herdaria o reino de Navarra apenas em 1328, aquando do acordo do seu esposo Filipe d'Évreux com o rei Filipe VI de França.

Em 1314, no último ano do reinado do seu sogro Filipe o Belo, foi acusada de adultério com Filipe de Aunay, juntamente com a cunhada Branca (com Gautério de Aunay), no chamado caso da Torre de Nesle. Julgados e condenados por crime de lesa-majestade, a 19 de Abril os irmãos Aunay foram supliciados e executados em praça pública em Pontoise.

As duas princesas tiveram os seus cabelos rapados, um humilhante desfiguramento e marca física do seu crime de adultério. Vestidas de preto, foram conduzidas em uma carruagem coberta de panos negros a Château-Gaillard, em Les Andelys, onde Branca ficou aprisionada durante sete anos, numa cave da fortaleza.

Fortaleza medieval de Château-Gaillard, na Normandia, local de aprisionamento e morte de Margarida da BorgonhaCom a morte de Filipe IV ainda no mesmo ano, e a subida do seu esposo Luís X ao trono da França, Margarida, ocupando um quarto aberto aos ventos no topo da torre, foi encontrada morta a 30 de Abril de 1315. Segundo algumas versões terá sido estrangulada a ordens do seu marido, que pretendia voltar a casar-se e a produzir um herdeiro varão, mas as condições do seu encarceramento já eram propícias a uma morte prematura.

Uma outra história, que atualmente é vista como uma lenda ou apenas uma teoria não provada, apesar de haver registros escritos que a apoiem, conta que Margarida não morreu em Château-Gaillard mas teria sido escondida no castelo de Couches, na Borgonha. É de se levar em conta que a princesa fazia parte de uma família poderosa e que, para bem das relações da monarquia francesa, talvez fosse possível ter ocorrido um acordo. Deste modo teria morrido em 1333 e não em 1315.

Segundo uma lenda do século XV, provavelmente baseada em Margarida da Borgonha, uma rainha adúltera teria utilizado a Torre de Nesle como lugar de deboche, atirando os seus amantes do alto da torre ao nascer do dia. Um professor de filosofia, chamado Buridan e baseado no estudioso Jean Buridan, teria escapado ao seu destino funesto ao ser retirado do rio pelos seus alunos, ou ao se atirar para um barco carregando feno, trazido pelos seus alunos.
Em 1832, Alexandre Dumas e Frédéric Gaillardet celebrizaram a lenda da torre de Nesle no seu drama histórico A Torre de Nesle (La Tour de Nesle em francês). Os cinco atos da peça de teatro representavam as orgias e as mortes de uma rainha de França do início do século XIV, provavelmente Margarida da Borgonha, e tinha como outros personagens Jean Buridan e os irmãos Aunay.
Margarida da Borgonha é uma das personagens da série de livros de romance histórico Os Reis Malditos (Les Rois Maudits em francês) de Maurice Druon, publicada entre 1955 e 1977, e adaptada para a televisão por duas vezes na França, em 1972 e em 2005.

A Rainha Margot

Margarida nasceu em 14 de maio de 1553, no Château de Saint-Germain-en-Laye; foi a sexta criança e a terceira filha de Henrique II e Catarina de Médici. Seus irmãos a apelidaram de Margot. Três de seus irmãos se tornariam reis da França: Francisco II, Carlos IX e Henrique III. Sua irmã, Isabel de Valois, viria a ser a terceira esposa do rei Felipe II de Espanha.

No final de 1560, Catarina de Médicis, tentou casa-la com o filho de Felipe II de Espanha, o Infante Carlos, mas não conseguiu. Foram então iniciadas negociações, conduzidas pelo diplomata Jean Nicot para casa-la com o rei português D. Sebastião, mas também não se obteve resultado.

Em 1572, seu pai Henrique II cogita a união de sua filha com o jovem lider do partido Protestante, Henrique de Navarra; esta união poderia, supostamente, determinar a reconciliação entre católicos e protestantes que se estavam enfrentando na Terceira Guerra de Religião.

As negociações são iniciadas entre Catarina de Médicis e Joana D'Albret, mãe de Henrique, rainha de Navarra e defensora ferrenha dos huguenotes. As negociações foram longas e dificeis. Joana D'Albret exige a conversão de Margarida ao protestantismo, mas esta não cede a sua exigencia. No fim Joana acaba dando consentimento para o casamento em troca de um consideravel dote pago por sua nora. A rainha Joana faleceu pouco tempo depois, e Henrique tornou-se o novo rei de Navarra. Margarida, obrigada por seu irmão, Carlos IX de França, e por sua mãe, casa-se a contragosto com o soberano que considerava um herege de um reino residual.

Sem esperar a dispensa pontifical requerida, dada a diferença de religião, a união tem lugar em 24 de agosto de 1572. Entretanto, a pretendida reconciliação entre católicos e protestantes revelou-se uma farsa quando, coordenada pela Rainha Mãe, Catarina de Médicis (quem realmente detinha o poder), desencadeou-se uma ação que resultou no assassinato de líderes protestantes e um verdadeiro massacre dos huguenotes que se haviam reunido em Paris para a festa. Esse episódio ficou conhecido como "A Noite de São Bartolomeu", por haver ocorrido no dia dedicado ao santo católico.

A tranquilidade entre católicos e protestantes dura pouco. Em 24 de agosto , ocorre a Noite de São Bartolomeu, na qual os protestantes foram massacrados, inclusive no interior do Palácio do Louvre (Um homem gravemente ferido se refulgia no quarto de Margarida). Henrique então decide converter-se ao catolicismo para salvar sua vida. Por ter sido proximo da Noite de são Bartolomeu, o casamento, de Margarida e Henrique, ficou conhecido como Casamento Vermelho.

Em 1574, quando Carlos IX morreu, protestantes e católicos moderados (chamados de "descontentes") exigem a contenção do Estado nos assuntos religiosos. Francico de Alençon e Henrique de Navarra, preparam um plano para tomar o poder, mas falham e seus dois cúmplices foram presos e decapitados. Um deles era José de La Molle, suposto amante de Margarida.

Libertados, mas sob a vigilancia da corte, Alençon em 1575 e Henrique, em 1576, finalmente conseguen fugir da corte.

Henrique não avisa a esposa de sua fuga e as relações entre ambos os cônjuges ficam seriamente danificadas, especialmente por causa das intrigas da amante de Henrique, Charlotte de Sauvé, dama de honra de Catarina de Médici. Charlotte também causou discordia entre Francico de Alençon e Henrique de Navarra, ambos amantes de Charlotte. Margarida teve muito trabalho para reconciliá-los. Este episódio deixou claro que o casamento de Henrique de Navarra e Margarida de Valois era cheio de infidelidades, mas solidamente unido em assuntos políticos. Na verdade, Henrique apenas se relaciona com sua esposa quando ela é util aos seus interesses, outro tipo de relacionamento é inexistente.

Após a fuga de seu irmão e de seu marido, Margarida fica retida no Palácio do Louvre e vigiada por dois guardas, porque o novo rei, seu irmão Henrique III de França, acredita que ela é cumplice dos dois. Alençon - que se juntou aos huguenotes - faz frente ao rei e rejeita qualquer negociação enquanto sua irmã não for libertada. Margarida é liberada, e media, junto com sua mãe, as reuniões tentando acordar a reconciliação. As reuniões terminam com a elaboração de um texto extremamente vantajoso para os protestantes e para Alençon: o Édito de Beaulieu.

Durante os conflitos, Margarida se reconcilia com seu marido, e Henrique exige que sua esposa seja enviada para a Navarra, mas Catarina de Médici e Henrique III se opõem a ele. Eles temiam que Margarida virasse refém dos huguenotes, ou servisse como um reforço para a aliança de Francico de Alençon e Henrique de Navarra.

A Desastrosa viagem aos Países Baixos
Em 1577, quando a guerra civil começa a esfriar, Margarida - dividida entre a lealdade devida ao marido e ao irmão - solicita a autorização para viajar, em nome do seu irmão mais novo, Francico de Alençon, ao sul da Holanda. Os flamengos, que se revoltaram em 1576 contra o domínio espanhol, pareciam dispostos a oferecer um trono a um príncipe tolerante e disposto a contribuir com o apoio diplomático e militar necessário para alcançar a independência. Henrique III finalmente aprovou a viagem que, por sua vez, deu-lhe a oportunidade de se livrar do irmão.

No verão, tendo como pretexto curar-se em um Spa, Margarida começa sua viagem. Durante dois meses cumpre sua missão. Em cada uma de suas paradas aproveita a oportunidade para interagir com os nobres hostis à Espanha e para destacar os méritos de seu irmão, tentando convencê-los das vantagens de torna-lo Príncipe. Margarida fez amizade com o governador da Holanda, D. Juan de Áustria, vencedor da histórica Batalha de Lepanto, com quem manteve uma relação cordial. Mas Margarida se interessava mais pelas festas que pelas realidades politicas locais. Seu retorno para a França apresentou algumas dificuldades, pois o país estava em plena insurreição, e Margarida temia ser feita refén pelas tropas espanholas. Embora ela tenha feito alguns contatos úteis, Alençon não soube fazer uso deles.

RAINHA MARGOT, O LIVRO:

A Rainha Margot) é um romance histórico escrito por Alexandre Dumas e publicado em 1845. É a primeira parte de uma série de livros que se convencionou chamar Os Romances Valois, que é seguida por A Dama de Monsoreau e Os Quarenta e Cinco. A série abrange um período histórico que vai desde o final do reinado de Carlos IX, rei de França, com ênfase na perseguição aos huguenotes e na Noite de São Bartolomeu, (período abordado por A Rainha Margot) até o de seu irmão, Henrique III, último rei da dinastia Valois.

A ação do romance vai desde o casamento de Margarida de Valois, irmã do Rei Carlos IX de França, com Henrique de Navarra, futuro Rei Henrique IV de França, em 1572, até a morte de Carlos IX, em 1574.

Alexandre Dumas coloca em cena as intrigas palacianas, o assassinato de Gaspard de Coligny, o massacre do Dia de São Bartolomeu, o idílio inventado entre a rainha de Navarra e o Conde de la Mole assim como a prática da tortura judiciária durante o Renascimento. Dumas faz da rainha Catarina de Médicis, mãe de Margarida e de Carlos IX, uma figura inquietante, que se serve de seu astrólogo e perfumista Côme Ruggieri para assassinar seus inimigos.

Acerta-se o casamento entre Margarida de Valois e Henrique de Navarra, com o intuito de estabelecer a paz entre protestantes e católicos em uma época sacudida por guerras religiosas. O casamento da irmã de Carlos IX é ocasião para grandes festas na França e notadamente em Paris, onde o povo rejubila-se.

Nesta ocasião, o rei de Navarra e o Almirante Coligny reúnem a sua volta todos os grandes chefes huguenotes e creem em uma paz possível.

O Massacre de São Bartolomeu, segundo François Dubois
No entanto, para além da política, casam-se dois seres humanos que não se amam e pode-se observar, desde o início do romance, que cada um dos esposos possui outras ligações afetivas. Se a noite de núpcias não serve de ocasião para a consumação do casamento, ela é testemunha de uma aliança política estabelecida entre o rei e a rainha da Navarra, unidos pela mesma ambição pelo poder. A fidelidade (política) de Margarida em relação a seu marido é rápidamente provada, já que ela apela pela vida de Henrique quando do Massacre de São Bartolomeu, durante o qual Carlos IX, instigado por sua mãe, Catarina de Médicis, faz assassinar os grandes chefes protestantes reunidos em Paris para o casamento, com exceção dos príncipes de sangue, o Príncipe de Condé e o Rei de Navarra.

No entanto, o horrendo massacre faz também com que Margarida encontre o Conde de la Mole, senhor protestante vindo até Paris para oferecer seus serviços a Henrique de Navarra. Os dois estabelecem uma ligação amorosa. Porém a saúde de Carlos IX degrada-se, segundo Dumas devido ao veneno colocado por Catarina de Médicis nas folhas de um livro de caça endereçado a Henrique de Navarra e que o rei folheia indevidamente, suspeita-se de um complô e, já que há a necessidade de culpados, o amante de Margarida é preso, torturado e executado. Carlos IX morre e é sucedido pelo irmão, Henrique, coroado como Henrique III.



RAINHA MARGOT, O FILME:

O filme retrata a França em 1572, quando do casamento da católica Marguerite de Valois e o protestante Henri de Navarre, que procurava minimizar as disputas religiosas, mas acaba servindo de estopim para um violento massacre de protestantes conhecido como a "noite de São Bartolomeu" , que teve a conivência do rei da França Carlos IX, irmão de Margot.O filme, que retrata esse trágico acontecimento, é baseado num romance de Alexandre Dumas.

O ano é 1572. Após um longo caminho de negociações, finalmente é acertado o casamento entre a católica Marguerite de Valois, apelidada por seus irmãos de Margot e o protestante Henri de Navarre. O motivo dessa união é reconquistar a paz na França terminando com a guerra religiosa que está devastando o país.
Mas Catherine de Médicis, mãe de Margot, tem outros planos para seus antigos inimigos.Seis dias após o casamento, acontece a fatídica noite de São Bartolomeu. Milhares de protestantes são massacrados pelos católicos nas ruas de Paris.
Em meio aos horrores dessa noite Margot salva a vida de um rapaz protestante e se rebela contra a violência de sua própria família.

No ano de 1572, a França está assolada pelas guerras entre católicos e protestantes.
Carlos IX foi tornado rei aos 10 anos, passou o poder de reinado para sua mãe Catarina de Médicis (católica fanática).
Catarina propõem que sua filha Margot (católica) se case com seu primo protestante Henrique de Bourbon rei de Navarra em uma ardilosa manobra política.
No dia 18 de agosto em Paris, milhares de protestantes invadiram a cidade para o casamento que servirá como pretexto para o maior massacre da história da França.
O casamento ocorre na véspera do dia de São Bartolomeu. Enquanto o povo festejava o casamento, Coligny (protestante) já planejava a guerra entre católicos e protestantes, e o rei ouvia calado porque Coligny praticamente mandava nele. Os protestantes não gostaram da Margot porque ela era bastante leviana, uma vez que tinha muitos amantes, entre eles era o Duque de Guise.
Henrique apareceu no quarto de Margot contra sua vontade e propôs que eles se tornassem amigos.

Coligny sofre um atentado a mando da Rainha e Margot oferece um barco para que Henrique e seus amigos fujam para a Inglaterra, porque ela era contra a guerra, mas eles se negam ir embora e ficam para a luta. Catarina fala para Carlos IX que todos os protestantes iriam acusá-lo, por causa do atentado. Então o rei manda matar todos os protestantes.
O Duque de Guise começa a contratar voluntários, então começa a guerra. Os católicos capturam Henrique. Um protestante chamado La Molê que já havia saído com Margot é perseguido por católicos, ferido corre para o quarto de Margot. Coconnas Hannibal entra em seu quarto para matar La Molê e ela não deixou.
Charlotte vai avisar Margot que o rei vai matar Henrique, então ela vai até lá para salvá-lo, chegando o rei diz que Catarina quer matá-lo se ele não renunciar a sua religião, mas Margot o defende perante sua família.
Enquanto isso La Molê foge e na rua encontra com Coconnas Hannibal, eles lutam e desmaiam. Mais tarde carroças passam levando os corpos para enterrar, um homem os encontra e leva-os para serem tratados.
Margot convence Henrique a se converter, quando saem da Igreja ela se revolta com sua mãe e seus irmãos, porque seu casamento foi apenas um pretexto para o massacre, então sua mãe a manda para o Louvre junto de Henrique e seus amigos protestantes que sobraram.
Catarina vai conversar com o velho sábio e fica sabendo que seus 3 filhos morreram e não deixaram herdeiros e Henrique será o novo rei.
Inconformada ela se seus filhos fazem um plano para matá-lo, então o velho sábio entrega um batom para Charlotte dizendo que é afrodisíaco. Enquanto ela está no quarto com Henrique ela passa o batom e Margot entra e não deixa Henrique beijá-la logo depois se escondem, quando seus irmãos entram no quarto pensando que Henrique estava morto, então jogam Charlotte pela janela para parecer suicídio. Coconnas Hannibal e La Molê se encontram e ficam amigos.
Henriette então leva La Molê para encontra-se com Margot.
Catarina faz o rei assinar um mandato de prisão a Henrique, só que ele faz ela prometer que mandará prender Henrique depois da caça.
Henrique salva o rei durante a caça e o rei o salva de ser morto por Murevel.
Então o rei leva Henrique para conhecer seu filho e sua mulher que vivem escondidos. Margot e La Molê tornam-se amantes.

Catarina manda um livro enfeitiçado para matar Henrique, só que quem toca o livro é Carlos, antes de morrer manda Henrique fugir para Navarra. Chegando lá volta a ser protestante e começa seu reinado em Navarra. La Molê volta a Paris para buscar Margot a mando de Henrique.
Os católicos perseguem Coconnas Hannibal e La Molê e os prendem, Margot pede ao rei que os soltem, só que o rei morre antes de conceder esse pedido, então os dois são degolados. Margot vai para Navarra ao encontro de Henrique, e seu irmão torna-se rei.

Esse filme fantástico, conta a história da Rainha Margot ( Isabelle Adjani) depois de seu casamento com o príncipe protestante de Navarra Henrique (Daniel Auteuil) . O filme mostra os propósitos do casamento, as tentativas da família real francesa de manter o trono em domínio de um rei católico, os amores proibidos da rainha e a perseguição aos protestantes durante a cerimônia de casamento. O filme também fala da manipulação dos homens, as tentativas fracassadas de assassinato, palavra em falso do outro que é dit para iludir e enganar. A lealdade a uma promessa de amor, a quebra de uma promessa de honra em nome de salvar a própria vida. O inusitado nascimento de um amor que pode render e salvar, mas que também pode dar a vida pela do outro. Quem pensa que vida de nobre é fácil, vai perceber nesse filme que o poder pode ser sentença de morte.

O absolutismo foi a forma de governo que caracterizou os chamados Estados Modernos europeus, marcados pela ampla concentração de poderes nas mãos do rei. Ao longo dos séculos XV e XVI a relação entre rei e burguesia era de aliança, já que ambos simbolizavam o novo (capitalismo nascente), em oposição ao clero e nobreza defendiam o velho (feudalismo decadente). Enquanto a burguesia representava a iniciativa privada e o comércio (atividade mais promissora da época), o rei representava um Estado forte e protecionista, capaz de padronizar defesa militar (exércitos nacionais), leis e moedas, viabilizando ainda mais a acumulação de capital durante a idade moderna.Nos séculos XVII e XVIII, a relação entre rei e burguesia passa a ser de confronto, pois a burguesia com muito capital acumulado, reivindica o poder político, voltando-se assim contra seu antigo aliado, através das revoluções inglesas (puritana e gloriosa) entre 1649 e 1688 e da revolução francesa em 1789, antecedida das revoluções industrial e americana e influenciada pelos princípios liberais e iluministas, no contexto de crise do Antigo Regime europeu.

Rainha Ana Bolena, Ana Dos Mil Dias



Torre de Londres, 19 de Maio de 1536) foi marquesa de Pembroke e a segunda mulher de Henrique VIII de Inglaterra e mãe da rainha Isabel I de Inglaterra. O seu casamento com Henrique VIII foi polémico do ponto de vista político e religioso e resultou na criação da Igreja Anglicana. A ascensão e queda de Ana Bolena, considerada a mais controversa rainha consorte de Inglaterra, inspiraram inúmeras biografias e obras ficcionais.



Ana era filha de Tomás Bolena, Conde de Wiltshire e de Isabel Howard, filha do Duque de Norfolk. A data e local do seu nascimento permanecem incertos no intervalo 1501-1507.[1] Ana foi educada nos Países Baixos, na corte de Margarida, Arquiduquesa da Áustria.[2] Por volta de 1514, viajou para a corte francesa onde se tornou numa das aias da rainha Cláudia de Valois (mulher de Francisco I), onde aprendeu a falar francês e se familiarizou com a cultura e etiqueta deste país. Esta experiência haveria de se mostrar decisiva na formação da sua personalidade.[3][4]

Em Janeiro de 1522, Ana Bolena regressou à Inglaterra por ordens do pai e entrou ao serviço de Catarina de Aragão, a consorte do rei Henrique VIII de quem a sua irmã, Maria Bolena, era então a amante "oficial".[5] Neste período, Ana desenvolveu uma relação com Henry Percy, o filho do Conde de Northumberland, e os dois chegaram a estar secretamente noivos. O casamento foi impedido pelo pai de Percy por razões incertas e Ana foi afastada da corte.[6] Em meados de 1525, estava de regresso e no ano seguinte, substituiu a sua irmã mais nova nas atenções do rei. A princípio, Ana seduziu-o, estimulou todos os avanços de Henrique VIII, mas não aceitava ser sua amante, queria o trono da Inglaterra. O fato de Maria Bolena ter dado ao Rei uma filha e um filho despertou nele a intenção de casar-se novamente para produzir um herdeiro legítimo, já que Catarina de Aragão não parecia ser capaz de produzir um herdeiro varão para a casa de Tudor.

O poder de Ana aumentou de forma excepcional. Tornou-se influente na diplomacia inglesa ao estabelecer uma relação de amizade com Monsieur de la Pommeraye, embaixador francês. O diplomata John Barlow espiava no Vaticano às suas ordens. Em 1532, Henrique VIII tornou-a Marquesa de Pembroke, fazendo-a a primeira mulher a receber um título nobiliárquico de seu pleno direito.[7] A sua família foi também beneficiada: o pai recebeu o Condado de Ormonde e o irmão, Jorge Bolena, tornou-se Visconde Rochford. Ana não era no entanto uma personagem popular. Em 1531 os apoiantes da rainha Catarina organizaram uma manifestação contra Ana Bolena que reuniu oito mil mulheres nas ruas de Londres.


Os mil dias
Finalmente, em 1532, em Calais, Henrique VIII e Ana Bolena tornaram-se amantes.[8] A 25 de Janeiro de 1533, antes do anúncio oficial da dissolução unilateral do casamento com Catarina de Aragão, Henrique casou-se secretamente com Ana, no Palácio de Whitehall.[9] Esta pressa pode ter estado relacionada com uma gravidez de Ana e a necessidade de Henrique VIII em não deixar sombra de dúvidas quanto à legitimidade de um herdeiro. Em 23 de Maio de 1533, Cranmer, presente num tribunal especial convocado pelo Priorado de Dunstable para se pronunciar sobre a validade do casamento do rei com Catarina de Aragão, declarou esse casamento como nulo e sem efeito. Cinco dias depois, em 28 de Maio de 1533, o Bispo Cranmer declarou o casamento de Henrique e Ana como válido.[10] Catarina perdeu o seu título e, consequentemente, a 1 de junho, Ana foi coroada Rainha de Inglaterra numa cerimónia magnífica na Abadia de Westminster, precedida de um sumptuoso banquete.[11] Em resposta, o povo londrino mostrou o seu desagrado, comparecendo poucas pessoas.[12] Henrique VIII foi excomungado pelo Papa Clemente VII por esta afronta ao direito canónico, declarando que à luz do mesmo, o seu casamento com Catarina de Aragão continuava válido.[13] Em 7 de Setembro de 1533, Ana deu à luz uma menina, a futura Isabel I de Inglaterra.[14]

Enquanto rainha, Ana Bolena procurou introduzir muitos aspectos da cultura francesa na corte de Inglaterra. Continuou influente junto do rei e diz-se que foi por sua indicação que a maioria dos bispos da nova Igreja Anglicana conseguiram o seu posto. Henrique VIII parecia satisfeito com ela em tudo, menos na falta de um herdeiro. As gestações subsequentes acabaram em abortos espontâneos e no nascimento de nati-mortos, o que resultou no desapontamento do rei..[15] Em Janeiro de 1536, Catarina de Aragão morreu de doença prolongada, provavelmente cancro, e Ana teve o mau gosto de celebrar o evento vestida de amarelo quando o resto da corte, incluindo Henrique VIII, se encontrava de luto pela Princesa de Gales.[16] A partir de então Henrique VIII começou a afastar-se da mulher, que consequentemente se tornou vulnerável a intrigas. A gota d'água terá sido a subida de Joana Seymour, aia de Ana Bolena, ao estatuto de amante.

Em 2 de Maio de 1536, após cerca de 1000 dias como rainha consorte da Inglaterra, Ana foi presa na Torre de Londres, acusada, juntamente com o seu irmão Jorge, de adultério, incesto e alta traição..[17] Além de, no desespero para gerar um herdeiro ao trono, ser acusada de ter tido relações com seu irmão Jorge Bolena, dando à luz um 'monstro'. Cinco homens, incluindo o seu irmão, foram também presos e interrogados sob tortura. Baseado nas confissões resultantes, o Parlamento condenou Ana Bolena por traição a 15 de Maio..[18] O casamento com Henrique VIII foi anulado dois dias depois, por razões desconhecidas, uma vez que os registos foram destruídos.

Descendência
De Henrique VIII, Ana Bolena teve três filhos:

Isabel I (7 de setembro de 1533 - 24 de março de 1603);
Henrique Tudor (II) (1534). Os historiadores não sabem ao certo se o menino morreu no mesmo dia que nasceu ou se foi aborto, tampouco se sabe com certeza se foi realmente um menino;
Eduardo Tudor (I) (29 de janeiro de 1536). Faleceu no mesmo dia.

O FIM
Há uma curiosidade que permite avaliar a personalidade forte e marcante de Ana Bolena e segundo fontes históricas[quem?] aconteceu por ocasião de sua execução. Alguns, inclusive, dizem ter sido um último recurso da rainha para retardar a consumação da execução, ainda esperançosa de um perdão real por parte de Henrique VIII, perdão este que estaria sendo defendido pela sua irmã, Maria. Quando informada da sua iminente execução, Ana Bolena fez chegar a Henrique VIII uma exigência - não aceitaria ser morta por um carrasco inglês, que utilizava o machado para a decapitação. Exigia a "importação" de um carrasco francês, pois estes usavam a espada. Para justificar a sua exigência, teria dito "uma Rainha da Inglaterra não curva a cabeça para ninguém e em nenhuma situação", pois as execuções com a espada eram feitas com a vítima ajoelhada, mas com a cabeça erguida.[19]

Na manhã de sexta-feira, 19 de Maio, Ana Bolena foi executada, não na Torre Verde, mas sim num andaime erigido sobre o lado norte da Torre Branca, em frente do que é hoje as Casernas de Waterloo[20] Ela usava um saiote vermelho sob um avulso, um vestido de tordilha de damasco aparado na pele e um manto de arminho..[21] Acompanhada por duas assistentes do sexo feminino, Ana fez seu último passeio da Casa da Rainha à Torre Verde e ela olhou "como se ela não fosse morrer"..[22] Ana subiu o cadafalso e fez um breve discurso para a multidão:

“ Bom povo cristão, vim aqui para morrer, de acordo com a lei, e pela lei fui julgada para morrer, e por isso não vou falar nada contra ela. Não vim aqui para acusar ninguém, nem para falar de algo de que sou acusada e condenada a morrer, mas rezo a Deus para que salve o rei e que ele tenha um longo reinado sobre vós, pois nunca um príncipe tão misericordioso esteve lá: e para mim ele será sempre um bom, gentil e soberano Senhor. E se qualquer pessoa ponha isso em causa, obrigá-la-ei a julgar os melhores. E assim deixo o mundo e todos vós, e sinceramente desejo que todos rezem por mim. Ó Senhor, tem misericórdia de mim, eu louvo a Deus a minha alma.[23] ”

Ana obteve o que requisitava, mostrando que até nos seus últimos momentos, ainda era capaz de impressionar o rei. Ela foi decapitada por um carrasco francês, tal como pedira. Henrique não providenciou um sepulcro para Ana, e assim o seu corpo e a cabeça foram enterrados num túmulo desmarcado na Capela Real de São Pedro ad Vincula. O seu esqueleto foi identificado durante a renovação da capela, no reinado da Rainha Vitória e o local de repouso de Ana está marcado no chão em mármore.

Rainha Catarina de Bragança




. Catarina Henriqueta de Bragança (Vila Viçosa, 25 de novembro de 1638 — Lisboa, 31 de Dezembro de 1705) foi princesa de Portugal e rainha consorte de Inglaterra e Escócia por seu casamento com o rei Carlos II da casa de Stuart.

Dois anos depois de aclamado, D. João IV, querendo fortificar e robustecer a soberania e a independência, procurava alianças: um dos meios era casar os filhos com príncipes e princesas estrangeiros. Catarina nem tinha oito anos e já se tratava de a casar com D. João d'Áustria, bastardo de Filipe IV de Espanha; houve ideias de a casar com o duque de Beaufort, neto de Henrique IV de França por bastardia. As negociações ficaram sem resultado. Pensou-se no casamento com Luís XIV, laço habilmente preparado pelo cardeal Mazarino para conseguir, via Portugal, obrigar a Espanha a fazer a paz com a França.

Em vida de D. João IV se trataram destas negociações com actividade, chegando a vir a Lisboa o embaixador francês conde de Cominges. Mazarino, servindo-se do engodo da promessa deste casamento, trouxe Portugal iludido, abandonando-o depois, assinando a paz com a Espanha e o contrato do casamento do rei com a infanta espanhola D. Maria Teresa de Áustria. Em 1661, sendo regente a rainha D. Luísa de Gusmão na menoridade de D. Afonso VI de Portugal, tratou-se novamente do casamento da infanta D. Catarina, sendo escolhido Carlos II da Inglaterra.


O casamento inglês
Em 18 de agosto de 1661 a Rainha declarou em cortes o contrato nupcial, aprovado pelo Conselho de Estado. Seguiu-se um contrato de paz, com artigos muito curiosos, publicado no Gabinete histórico, de Frei Cláudio da Conceição, tomo V, pág. 125. Eram entregues à Inglaterra a cidade e a fortaleza de Tânger com tudo quanto lhe pertencesse e a ilha de Bombaim na Índia Oriental, com todas as suas pertenças e senhorios, para ficarem daquele porto mais prontas as suas armadas para socorro das praças do Portugal na Índia.

O contrato foi assinado por el-rei com todas as cerimónias legais da Inglaterra a 23 de junho de 1661, e pelo embaixador Conde da Ponte e Marquês de Sande, Francisco de Melo e Torres, que regressou a Portugal, onde foi recebido com muita satisfação pela regente, e com muito desgosto da parte do povo, pela entrega de Tânger e Bombaim.

Em 28 de abril de 1662 recebeu-se em Lisboa a notícia da realização do contrato, e pouco depois chegou a armada inglesa, que devia conduzir a seu bordo a nova rainha. O general comandante era Eduardo de Montaigne, Conde de Sandwich, revestido com o caráter de embaixador extraordinário. Ela partiu acompanhada do Marquês de Sande, do Conde de Pontével, Nuno da Cunha, Francisco Correia da Silva, e pessoas da corte. Antes de embarcar todos se dirigiram à Sé, onde se celebrou missa solene e Te-­Deum. Houve salvas da artilharia, repiques de sinos, pomposos ornatos nas ruas por onde passava o cortejo, o som das trombetas, charamela e outros instrumentos, tudo contribuía pare abrilhantar a festa dos desposórios reais. Finalmente, a nova rainha entrou no bergantim real, adornado com magnificência, e navegou para bordo da nau capitania Grão-Carlos. Acompanharam as damas D. Elvira de Vilhena, condessa de Pontével, e D. Maria de Portugal, condessa de Penalva.

A armada chegou a Portsmouth a 14 de maio de 1662 e ali a esperava o duque de York, irmão de Carlos II, futuro Jaime II. A rainha, sentindo-se um pouco indisposta, conservou-se alguns dias na cidade. Depois da sua chegada, ela casou em duas cerimónias - uma Católica, em segredo, e uma Anglicana, em público, - no dia 21 de maio. No Gabinete histórico, já citado, à pág. 160, vem a descrição do real consórcio, mas parece ter havido engano nas datas, pois a cerimónia se realizou a 22, segundo artigo publicado no Daily News que o Diário de Notícias transcreveu. Nele se diz que na última viagem a Inglaterra o Rei Dom Carlos mostrou desejos de ver os registos da igreja de São Tomás, de Portsmouth, onde está o assentamento do enlace — na igreja de Domus Dei, local onde hoje está a Garrison Church. Houve alteração no programa da viagem, e el-rei teve de partir para Londres antes do dia destinado à sua visita na paróquia de S. Tomás. O vigário e os outros funcionários da igreja resolveram então mandar fotografar o assentamento e enviar-lho. Devido, porém, à antiguidade do pergaminho a ao desmaiado da escrita, não foi possível obter-se boa fotografia do documento original mas duma excelente copia da certidão, feita em 1880, e pertencente ao museu de Portsmouth, foi tirada fiel reprodução. As duas fotografias, do assentamento original e da cópia, foram encerradas numa pasta de couro vermelho e enviadas para Londres ao rei Dom Carlos. A certidão reza: «0 nosso augusto Soberano Lorde Carlos II, pela Graça de Deus, rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda, Defensor da Fé e a Ilustríssima Princesa D. Catarina, Infanta de Portugal, filha do falecido D. João IV, e irmã de D. Afonso, presente rei de Portugal, foram casados em Portsmouth na quinta feira, vigésimo segundo dia de Maio, do ano do N. Sr de 1662, 14º do reinado de SM, pelo R. R. F. in G. Gilbert, Bispo Lorde de Londres, Deão da Real Capela de Sua Majestade na presença de grande parte da nobreza dos domínios de Sua Majestade e da de Portugal.»

A 30 de Setembro do citado ano de 1662 entraram os esposos em Londres, e desembarcaram numa ponte que se organizara junto do paço, onde os esperavam a rainha-mãe, e toda a corte e nobreza da Grã‑Bretanha. Houve esplêndidas festas e vistosas iluminações.

O casamento havia sido negociado em Londres por D. Francisco de Melo. Em ambiente hostil, manteve a sua fé e conseguiu que o seu marido abjurasse do anglicanismo numa cerimónia particular. Viria a ser a última rainha-consorte católica romana em Inglaterra.

O REINADO
D. Catarina não foi uma rainha popular na Inglaterra por ser católica, o que a impediu de ser coroada. Sem posteridade, deixou pelo menos à Inglaterra a geleia de laranja, o hábito de beber chá, além de lá ter introduzido o uso dos talheres e do tabaco. A sua responsabilidade pela introdução do chá é disputada já que já no ano de 1657, Thomas Garraway o vendia na sua loja de café em Londres na Exchange Alley. Isto aconteceu num período em que a East India Company o estava a vender abaixo dos preços dos Holandeses e o anunciava como uma panaceia para a apoplexia, catarro, cólica, tuberculose, tonturas, epilepsia, pedra, letargia, enxaquecas, parálise e vertigem. O hábito de beber chá já existiria, D. Catarina apenas o transformou na "instituição" que hoje conhecemos por "five o'clock tea".

Em Londres, estavam reservados grandes desgostos à rainha porque D. Catarina reconheceu em seu marido carácter muito diferente do que lhe afirmaram. Julgava-o um homem sério e virtuoso, mas era, ao contrário, libidinoso. Em solteiro se entregara sempre a uma vida de libertinagem dissoluta, continuou da mesma forma, casado, sem se coibir, dando nenhuma importância à mulher, chegando ao ponto de nomear para dama da rainha sua amante, miss Palmer, que depois elevou a Duquesa de Cleveland. O procedimento deu origem a graves discórdias, de que resultou o Rei nunca mais procurar sua mulher nem sequer a cumprimentar quando se encontravam. D. Catarina, fazendo esforço, pretendeu ainda chamá-lo a si, tratando benevolamente a favorita, mas nem assim lhe mereceu consideração. Na Biblioteca da Ajuda nas colecções dos manuscritos, há sua correspondência da com seu irmão D. Afonso VI de Portugal e sua mãe Luísa de Gusmão.

Seu dote trouxe a cidade de Bombaim e de Tânger para o domínio britânico, pois Portugal, em busca de apoios contra Filipe IV de Espanha na Guerra da Restauração, a isso se comprometera pelo tratado de paz e aliança assinado em 3 de junho de 1661: obrigava-se o país a pagar dois milhões de cruzados pelo dote da infanta, e transferia para a Inglaterra a posse de Tânger, e do porto e ilha de Bombaim. Além disso, os mercadores ingleses podiam habitar quaisquer praças do reino e gozavam de idênticos privilégios no Rio de Janeiro, na Bahia e em Pernambuco. No caso de os Portugueses recuperarem dos Holandeses a ilha do Ceilão, obrigavam-se a repartir com os Ingleses o trato da canela. Todavia, sua popularidade nos Estados Unidos da América era bastante elevada. Acarinhada pela população local, em sua homenagem foi dado o nome de Queens a um dos cinco bairros da cidade de Nova York.

Catarina nunca deu à luz um herdeiro, apesar de ter estado grávida por várias vezes, a última das quais em 1669. Sua posição era difícil, já que Carlos continuava a ter filhos de suas amantes, mas insistia em que ela fosse tratada com respeito e recusou divorciar-se. Chegou mesmo a ser acusada de maquinar a morte do marido por sugestão do pontífice e outros príncipes católicos. Como seu irmão, já Regente e depois Pedro II de Portugal, mandou como embaixador extraordinário Henrique de Sousa Tavares, marquês de Arronches, fez com que fossem castigados os acusadores, o Rei tornou a ter amor e carinho por ela e morreu, ao que se diz, como verdadeiro católico.

RETORNANDO A PORTUGAL E FIM DA VIDA
Enviuvando em 16 de fevereiro de 1685, Catarina permaneceu em Inglaterra durante o reinado do cunhado Jaime II e regressou a Portugal no reinado conjunto de Guilherme III e Maria II, depois da Revolução Gloriosa, instalando-se no Palácio da Bemposta.

Embarcou para Lisboa em 29 de março de 1692 e percorreu França e Espanha, entrando pela província da Beira. Entrou em Lisboa em 20 de janeiro de 1693, recebida entre aclamações do povo, indo D. Pedro II esperá-la ao Lumiar, e conduzi-la ao palácio de Alcântara. Mudou a residência para o palácio do conde de Redondo, a Santa Marta; mais tarde ainda foi morar para o palácio dos conde de Soure à Penha de França, e fixou definitiva residência em Belém, no palácio do conde de Aveiras, hoje, paço Real de Belém, pela compra que dele fez D. João V aos fidalgos. Como desejava ter casa sua, resolveu-se a construí-la. O Campo da Bemposta era pouco povoado, tinha terrenos espaçosos, ar saudável e grandes pontos de vista. Os terrenos para o palácio e para a quinta foram comprados a diversos proprietários. No paço recebeu a rainha viúva a visita de D. Carlos, Duque de Áustria, em 1701. Ali tratava todos os negócios do Estado nas duas vezes em que foi regente do reino; a primeira quando em maio de 1704 D. Pedro II partiu para a Beira, à frente do exército, com o arquiduque de Áustria e das tropas aliadas, para dar começo à guerra da sucessão de Espanha. A segunda, algumas semanas em 1705, por motivo de el-rei ter adoecido gravemente. Legou todos os bens ao Rei seu irmão. Na História Genealógica, tomo IV, encontram-se quatro medalhas dedicadas a D. Catarina, reproduzidas na Memória de Lopes Fernandes.

Morreu em Lisboa em 31 de dezembro de 1705 no palácio do Campo Real ou Bemposta. Enterrada no Real convento de Belém ou Igreja dos Jerónimos, o seu corpo foi depois transladado para o panteão dos Braganças em São Vicente de Fora.

Rainha Catarina


Catarina Howard (1525 - 13 de Fevereiro, 1542) foi a quinta rainha consorte de Inglaterra, através do seu casamento com Henrique VIII.

Catarina era filha de Edmundo Howard e de Joyce Culpepper. Era também sobrinha de Thomas Howard, Duque de Norkolk e prima de Ana Bolena. Durante a sua infância, o pai foi o governador de Calais e Catarina cresceu na casa de sua avó, a Duquesa de Norfolk, que não lhe deu a atenção necessária, permitindo que ela desenvolvesse algumas relações amorosas. Em 1539, Catarina tornou-se aia de Ana de Cleves, futura rainha consorte de Henrique VIII. O rei, no entanto, encantou-se por ela e não pela mulher, o que precipitou o divórcio. A 28 de Julho de 1540 celebrou-se o casamento e Catarina tornou-se rainha de Inglaterra.

Apesar da paixão que o rei lhe tinha e dos presentes luxuosos com que a cobria, Catarina não encontrou felicidade no casamento e tomou como favorito Tomás Culppeper, um cortesão. A verdadeira natureza desta relação continua por ser esclarecida, mas o certo é que ambos trocaram correspondência considerada incriminatória. Enquanto rainha, Catarina chamou à corte alguns dos seus antigos amigos, nomeadamente Francisco Dereham, que tinha alegadamente sido seu amante em Norfolk e que se tornou no seu secretário particular. As companhias da rainha e o seu passado começaram a levantar suspeitas em 1541. De início, Henrique VIII recusou-se a acreditar nas evidências, mas quando as cartas de Culpeper e Catarina apareceram mandou colocá-la sob prisão na Abadia de Middlesex. Catarina perdeu o título de rainha e foi repudiada. Em Dezembro, Culpeper e Dereham foram executados. Em Janeiro de 1542, Catarina começou a ser julgada por adultério, o que numa rainha era equivalente a traição. Considerada culpada, Catarina foi executada na Torre de Londres a 13 de Fevereiro de 1542. Diz-se que passou os últimos dias a ensaiar a sua execução.

Os historiadores da dinastia Tudor continuam a debater se Catarina foi ou não culpada de adultério, ou se foi incriminada pelos inimigos da sua família. Todos concordam que de qualquer forma, Catarina foi uma mulher fútil.

Rainha Maria Antonieta



Maria Antonieta Josefa Joana de Habsburgo-Lorena (em francês: Marie Antoinette Josèphe Jeanne de Habsbourg-Lorraine; Viena, 2 de novembro 1755 - Paris, 16 de outubro 1793), arquiduquesa da Áustria e rainha consorte de França de 1774 até a Revolução Francesa, em 1789. Maria Antonieta era a filha mais nova de Maria Teresa de Habsburgo e de Francisco Estêvão de Lorena, respectivamente, imperadora e imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Casou-se em 1770, aos catorze anos de idade, com o delfim francês Luís Augusto de Bourbon, que, em 1774, tornou-se o rei de França, com o nome de Luís XVI. Maria Antonieta era tia-avó da primeira imperatriz do Brasil Maria Leopoldina da Áustria.

INFANCIA DA RAINHA
Maria Antonieta foi a décima quinta filha da Sacro Imperadora Maria Teresa de Habsburgo e do Sacro Imperador Francisco I de Lorena, sendo neta de Carlos VI de Habsburgo, Sacro Imperador Romano-Germânico. Como o dia em que nasceu é o grande dia de Finados para a Igreja Católica, seu aniversário não era comemorado nesta data sombria onde se lembram os mortos. A comemoração era na véspera, dia de Todos os Santos, e também no dia 13 de junho, dia do seu padroeiro, Santo Antônio. A mãe de Maria Antonieta estava com trinta e oito anos e desde o seu casamento há vinte anos, produzira quatro arquiduques e e dez arquiduquesas (das quais sete ainda viviam em 1755). Ela orgulhava-se da elevadíssima taxa de sobrevivência da família imperial, pelos padrões de mortalidade infantil da época.

Francisco Estevão de Lorena legara a Maria Antonieta uma forte dose de sangue francês. A mãe de Francisco Estevão, Isabel Carlota d'Orléans, fora princesa real da França e era neta do rei Luís XIII de França.

A infância de Maria Antonieta teve como cenário a corte de Viena. Ainda é conhecido hoje em dia o seu noivado com Mozart, o grande compositor, que, sendo então apenas uma criança de 5 anos, acreditava ingenuamente estar noivo da formosa filha dos soberanos do Sacro Império Romano-Germânico. Sua formação foi católica conservadora rígida.

Sua mãe, a Sacro Imperadora e arquiduquesa Maria Teresa, seguindo a prática dos soberanos da época, colocou o casamento dos seus filhos ao serviço da sua política externa. Sua filha Maria Cristina, regente dos Países Baixos desde 1681, pôde casar por amor com Alberto de Saxe, em 1776, mas tal não aconteceu com as outras filhas: Maria Amélia (1746-1804) casou-se com Fernando I, duque de Parma (1751-1802); Maria Carolina (1752-1814) casou-se com Fernando I, rei de Nápoles e das Duas-Sicílias (1751-1825). O casamento de Maria Antonieta com o delfim de França, Luís Augusto de Bourbon, futuro Luís XVI, foi o corolário de uma política que visava a reconciliação da Casa de Habsburgo com a Casa de Bourbon, limitando assim as ambições da Prússia e Inglaterra.


COROAÇÃO
Sendo filha da Imperatriz da Áustria, Maria Antonieta estaria vocacionada a exercer alguma influência política na França. Casou em 1770, com apenas catorze anos, tornando-se rainha-consorte, com dezoito anos, ou seja, quatro anos depois, quando o seu marido foi coroado rei Luís XVI.

No início da sua vida em Versalhes, num piscar de olhos, Maria Antonieta usou sua nova posição para criar uma certa "fantasia". Dispensou boa parte das damas de companhia, e povoou a corte de gente jovem e elegante. A Rainha adorava organizar corridas de cavalo, e se divertia em passeios de carruagem. Estas, por ordem dela, corriam a toda velocidade.

O que mais fascinava Maria Antonieta, entretanto, eram as festas das noites parisienses, e a animação das mesmas. Freqüentava óperas, teatros, e participava de bailes. Nestes, as mulheres compareciam mascaradas. Assim, podia se misturar com plebeus, sem ser, no entanto, reconhecida. Luís XVI não se incomodava em deixá-la ir se divertir sem ele. Maria Antonieta teve várias amigas, como a princesa de Lamballe e a duquesa de Polignac. Maria Antonieta, também, interessou-se pela filosofia política, história, e literatura, subsidiando autores como Mercier, um dos primeiros dramaturgos e teóricos do teatro romântico em França. O período antes da revolução foi de grande actividade literária, sem qualquer censura. Em 1788, a tortura foi abolida.

Em 1774, com a morte de Luis XV, seu marido, Luís Augusto foi coroado como Luís XVI. O povo a amava e a admirava, mas ainda sentia-se extremamente pressionada a gerar um filho. Entretanto, em 1778, Maria Antonieta teve sua primeira filha, Maria Teresa Carlota. O nascimento de uma menina foi considerado na Áustria o puro" infortúnio doméstico ", mas as primeiras palavras registradas de Maria Antonieta para a filha são tocantes em sua reflexão inconsciente sobre o destino de uma princesa em uma sociedade patriarcal: "Pobre menininha, não és o que se desejava, mas não é por isso que me és menos querida. Um filho seria propriedade do Estado. Será minha, terás o meu carinho indiviso; dividirá comigo toda minha felicidade e aliviarás os meus sofrimentos..." Finalmente, em 1781, Maria Antonieta deu á luz a um delfim, um herdeiro meio Habsburgo, meio Bourbon. Ela finalmente conseguira, o que, como princesa estrangeira fora enviada para fazer. Levar onze anos e meio para o nascimento do pequeno Luis José. A rainha não soubera o sexo do bebê pelas damas que a acompanhavam no trabalho de parto. Foi o Rei em pessoa quem deu a notícia. Foram estas as palavras como ele as registrou: "Madame, realizastes os nossos desejos e os da França, sois mãe de um delfim". Fora do quarto de dormir, o mundo enlouquecera, as cenas em Versalhes foram quase religiosas. Centravam-se na adoração de uma criancinha que chegara como salvador. Em 2 de novembro de 1783, a Rainha sofreu um aborto violento em seu aniversário de 28 anos. O nascimento do terceiro filho da rainha aconteceu em 27 de março de 1785, domingo de Páscoa. A Rainha ficara tão grande que prepararam duas fitas azuis da Ordem do Espírito Santo, para o caso de nascerem príncipes gêmeos. Mas na verdade era um único menino saudável, que recebeu o nome de Luís Carlos em seu batismo instantâneo meia hora depois e, também imediatamente foi promovido a Duque da Normandia. A pequena Sofia, nasceu em 9 de julho de 1786, e morreu algumas semanas antes de seu primeiro aniversário. O bebê nunca crescera e nem se desenvolvera, e sua morte trouxe enorme sofrimento à Rainha. Enquanto isso, o delfim sofria de tuberculose óssea da coluna, o que lhe causara febres constantes e fraqueza pela curvatura angulosa produzida pelo esmagamento gradual das vértebras. Luis José foi enviado ao Château de Meudon, por seu ar considerado terapeutico. Os esforços foram em vão e o delfim morreu nos braços da mãe em 4 de junho de 1788.

Ao ter sua primeira filha, Luis XVI, seu esposo, deu-lhe de presente o célebre Petit Trianon, um palácio de pequenas dimensões nas imediações de Versalhes, o qual denominou "novo refúgio". Existindo, afinal, uma "mini-villa" campestre, onde havia vários animais do campo, uma horta e, obviamente, criados para a manutenção do espaço, Maria Antonieta tornou-se mais simples, algo notável nas suas roupas, que se tornavam agora menos complexas e luxuosas. Supostamente, ali terá conhecido o conde Fersen, com quem manteve um romance. Porém este tempo de paz veria o fim brevemente, após diversos escândalos do interior do palácio que viraram manchetes políticas, e de um Inverno rigoroso, que destronou a produção agrícola e emergiu a população num autêntico morticínio, devido à escassez de alimentos e ao frio e, consequentemente, à fome. Estava prestes a começar o declínio de Maria Antonieta.


Tendo desautorizado as reformas financeiras propostas por Turgot e Necker, os seus inimigos apelidaram-na de "a austríaca" ou "madame déficit". O escândalo provocado pelo caso do colar de diamantes e a campanha de panfletos denegrindo a sua imagem levou-a a um certo isolamento, deixando de receber audiências de nobres e literatos, o que a afastou ainda mais da alta sociedade francesa.

O DECLÍNIO
Atribui-se, a Maria Antonieta, uma famosa frase: "Se não têm pão, que comam brioches", que teria sido proferida a uma de suas camareiras certa vez que um grupo de pobres foi ao palácio pedir pão para comer. No entanto, é consenso entre os historiadores que a rainha nunca disse a frase, que acabou sendo usada contra ela durante a Revolução Francesa. Há versão dizendo que essa frase teria sido dita na mesma época por Madame Sofia, cunhada de Maria Antonieta, quando seu irmão Luís de Bourbon foi cercado por multidão que pedia "pão". Outra versão é que a frase é de um livro de Voltaire. Os registros históricos mostram, claramente, que, na época de sua coroação, Maria Antonieta se angustiava com a situação dos pobres. Em uma de suas cartas à mãe, ela chega a comentar o alto preço do pão. Diz, também, o seguinte: "Tendo visto as pessoas nos tratarem tão bem, apesar de suas desgraças, estamos ainda mais obrigados a trabalhar pela felicidade deles".


REVOLUÇÃO FRANCESA
Em 1789, a família real foi detida no palácio de Versailles e levada pelos revolucionários para o Palácio das Tulherias. Ficou aí detida com seu marido e filhos, até que, em 1792, com o auxílio do conde Axel Fersen, foi tentada uma fuga, mas foram reconhecidos e detidos quando passavam em Varennes. Esse episódio ficou conhecido como a "Noite de Varennes".

Durante a revolução, os seus inimigos alegavam que ela recusava as possibilidades de acordo com os moderados, procurando que o rei favorecesse os extremistas para inflamar mais a batalha. Depois da fuga e prisão em Varennes, alegavam também que ela procurava romper um conflito bélico entre França e Áustria, esperando a derrota francesa.

Durante o processo de Luis XVI , ele foi chamado de Luís Capeto , sobrenome de seus ancestrais e não o seu . A condenação era evidente e ele foi guilhotinado em janerio de 1793 . Depois da execução de Luís XVI, Maria Antonieta ficou conhecida como "Viúva Capeto", sendo condenada à morte por traição, morrendo na guilhotina em 16 de Outubro de 1793.


O julgamento , morte e sucessão
Maria Antonieta sentou-se sobre um assento de madeira. Dois meses de Conciergerie haviam feito daquela rainha de 38 anos uma velha. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, com hemorragia e os seus cabelos loiros ficaram brancos. O presidente procedeu o interrogatório. Quando lhe foi perguntado seu nome, a acusada respondeu, com voz alta e clara: "Maria Antonieta da Áustria e da Lorena, trinta e oito anos, viúva do rei da França."

As perguntas sucederam-se de modo desordenado, algumas sem a menor importância. De repente, houve o testemunho sensacional de um sapateiro, um certo Simon: Maria Antonieta, durante seu cativeiro, teria submetido seu jovem filho a atos incestuosos. A acusada ficou pálida e visivelmente emocionada: "A natureza se recusa a permitir tal acusação feita a uma mãe", gritou ela: "Eu apelo a todas as mães que porventura aqui estiverem". Esse tom sofrido produziu sobre todos uma forte impressão. As pessoas recusaram-se a acreditar em tamanha monstruosidade.

Em seguida, foi a vez das testemunhas. Quarenta e uma pessoas desfilaram por ali, sem fazer qualquer contribuição útil ao processo. No interrogatório, ela foi acusada de ser a instigadora da Guerra Civil. Depois veio a defesa e, então, Maria Antonieta foi condenada à morte e foi guilhotinada no dia 16 de outubro de 1793, em Paris, na praça, hoje denomidada, "Place de La Concorde". Ela foi ao suplício numa gaiola, (Luis XVI teve um carrossel). Seu corpo com a cabeça cortada foi levado sem cerimoniais para o cemitério da rue d'Anjou, onde Luis XVI fora enterrado nove meses e meio antes.

A reação do povo da França à morte da ex-rainha foi de êxtase, mas quando se espalhou pelas prisões a notícia da grandeza e coragem de Maria Antonieta em seu final, os monarquista se reconfortaram. Duas pessoas não souberam da morte da Rainha: Madame Isabel, sua cunhada e fiel companheira, só teve conhecimento momentos antes de sua própria execução, em 1794. E Maria Tereza, sua filha que após a morte da tia protetora ficou então sozinha na prisão, isolada e esquecida. Não viu mais o irmão proclamado pelos monarquistas como Luis XVII, até a morte dele em 1795, provavelmente de tuberculose.

O anúncio da morte do menino fez com que o Conde de Provença, no exílio pudesse finalmente reivindicar o título de Rei da França, como Luis XVIII. As negociações para libertar Maria Tereza em troca de prisioneiros revolucionário na Áustria tiveram êxito em dezembro de 1795, quando ela estava com dezessete anos. Com a libertação houve uma breve discussão entre os Bourbon e os Habsburgos sobre o possível noivo entre os primos-irmãos para a órfã da Torre. Luis XVIII ganhou e Maria Teresa se casou com o sobrinho dele, tornando-se Duquesa d' Angouleme. Ela não teve filhos, tornou-se uma pessoa infeliz e de aparência pouco atraente.

Com a morte de Luis XVIII, ascendeu ao trono o pai de Angouleme, como Carlos X. A abdicação dele em 1830 tornou seu filho Rei e Maria Tereza Rainha da França pelo tempo necessário para que ele também abdicasse. Os pretendentes franceses ao trono hoje em dia, encabeçados pelo Conde de Paris, não descendem de Maria Antonieta, e sim de sua irmã Maria Carolina através de sua filha Rainha Amelie. Ela tornou-se rainha quando Luis Felipe substitiui como monarca o Conde d'Artois, último irmão sobrevivente de Luis XVI, e tomou-lhe o título .

O testamento
Uma carta de Maria Antonieta à uma irmã, escrita na Conciergerie, é considerada seu testamento. Nela, a Rainha diz:

Eu fui educada na religião católica, apostólica e romana, naquela de meus pais, e nela eu cresci e sempre professei; não tendo (agora) nenhuma consolação espiritual a esperar, não sabendo se existem aqui (na França) ainda padres desta religião, e mesmo (se existisse ainda padres) o lugar (a prisão) onde eu estou os exporia muito a riscos, se eles me falassem, ainda que fosse só uma vez; Eu peço sinceramente perdão a Deus por todas as faltas que eu cometi desde que nasci. Eu peço perdão a todos aqueles que conheço, e a Vós, minha irmã, em particular, de todos os sofrimentos que, sem o querer, poderia lhe ter causado; eu perdôo a todos os meus inimigos pelo mal que me têm feito. Adeus! Minha boa e terna irmã. Possa esta carta chegar até você. Pense sempre em mim. Eu te abraço de todo meu coração, assim como minhas pobres e queridas crianças, Meu Deus! Quanto me corta o coração deixá-los para sempre!

Descendência
Maria Antonieta teve 4 filhos: Maria Teresa Carlota (1778-1851), o delfim Luís José Xavier Francisco (1781-1789), Luís XVII (1785-1795) e Maria Sofia Helena Beatriz (1786-1787).

Preservação da Memória
Quando ocorreu a restauração da monarquia na França, após a derrota de Napoleão, o Rei Luis XVIII transferiu seus restos mortais para Basílica de Saint-Denis, perto de Paris, local de sepultura dos reis franceses. Por ordem dele foram erigidas duas capelas: a primeira, na Praça Luis XVI, foi projetada como um mausoléu e marcou o lugar onde os restos mortais de Luis XVI e Maria Antonieta foram originalmente enterrados. A segunda capela é a cela de Maria Antonieta na Conciergerie, onde, na parede estão escritos os nomes dos três mártires reais: Luis XVI, Maria Antonieta e Madame Isabel.

Há também a transcrição de um trecho do testamento de Maria Antonieta, no qual ela lembra aos filhos o que disse seu esposo Luis XVI, sobre perdoar a todos pelo mal que fizeram à sua família.

RAINHA ELIZABETH I


Isabel I (Greenwich, 7 de setembro de 1533 — Richmond, 24 de março de 1603), também conhecida sob a variante Elisabete I ou Elizabeth I, foi Rainha da Inglaterra e da Irlanda desde 1558 até à sua morte. Também ficou conhecida pelos nomes de A Rainha Virgem, Gloriana e Boa Rainha Bess.

Seu reinado é conhecido por Período Elisabeteano (ou Isabelino) ou ainda Era Dourada. Foi um período de ascensão, marcado pelos primeiros passos na fundação daquilo que seria o Império Britânico, e pela produção artística crescente, principalmente na dramaturgia, que rendeu nomes como Christopher Marlowe e William Shakespeare. No campo da navegação, o capitão Francis Drake foi o primeiro inglês a dar a volta ao mundo, enquanto na área do pensamento Francis Bacon pregou suas ideias políticas e filosóficas. As mudanças se estendiam à América do Norte, onde se deram as primeiras tentativas de colonização, que resultaram em geral em fracassos.[1]

Isabel era uma monarca temperamental e muito decidida. Esta última característica vista com impaciência por seus conselheiros, frequentemente a manteve longe de desavenças políticas. Assim como seu pai, Henrique VIII, Isabel gostava de escrever, tanto prosa quanto poesia.

Seu reinado foi marcado pela prudência na concessão de honrarias e títulos. Somente oito títulos maiores: um de conde e sete de barão no reino da Inglaterra, mais um baronato na Irlanda, foram criados durante o reino de Isabel. Isabel também reduziu substancialmente o número de conselheiros privados, de trinta e nove para dezanove. Mais tarde, passaram a ser apenas catorze conselheiros.

A colónia inglesa da Virgínia (futuro estado americano, após a independência dos EUA), recebeu esse nome em homenagem a Isabel I.

Isabel era a única filha viva do rei Henrique VIII com sua segunda esposa, Ana Bolena, marquesa de Pembroke, com quem casou secretamente, estima-se, entre o inverno de 1532 e janeiro do ano seguinte. Nasceu no palácio de Greenwich a 7 de setembro de 1533. Henrique preferiria um filho homem para assegurar a sucessão da Casa de Tudor, mas no momento de seu nascimento, Isabel era a presumida herdeira ao trono da Escorrida. Depois da rainha Ana não ter gerado um herdeiro masculino, Henrique mandou que fosse executada, sob a falsa acusação de traição (a prática de adultério contra o rei era considerada traição), de incesto com seu irmão mais velho e de bruxaria. Isabel tinha então três anos de idade e foi declarada ilegítima, perdendo o título de princesa. Depois disso foi nomeada, simplesmente, como lady Isabel e viveu no exílio, enquanto seu pai casava e se divorciava de várias outras mulheres. A última esposa do rei, Catarina Parr, insistiu na reconciliação entre os dois, e Isabel, junto com sua meio-irmã Maria, filha de Catarina de Aragão, foi restabelecida na linha de sucessão depois do príncipe Eduardo.
A primeira tutora de Isabel foi lady Bryan, uma baronesa que Isabel chamava de "Muggie". Com quatro anos, a tutora da princesa passou a ser Catarina Chapernowne. Chapernowne desenvolveu um relacionamento próximo com Isabel e permaneceu sua confidente e amiga pelo resto da vida. Tinha sido indicada pela própria Ana Bolena antes de esta ser executada. Matthew Parker, o confessor de sua mãe, mantinha um especial interesse pelo bem-estar de Isabel, principalmente depois de Ana, já temendo pela morte, lhe confiar a paz espiritual da sua filha. Mais tarde, Parker se tornaria o primeiro Arcebispo da Cantuária a assumir o cargo depois da coroação de Isabel.

Henrique VIII morreu em 1547 e foi sucedido por Eduardo VI. Catherine Parr casou-se com Thomas Seymour e levou Isabel para sua casa. Seria aí que Isabel receberia a sua instrução formal. Dedicada, aprendeu a falar ou ler em seis idiomas: a língua do seu país, o inglês, francês, italiano, espanhol, grego e latim. Sob a influência de lady Parr e de seu professor Roger Ascham, converteu-se ao protestantismo.

Em 1553, Eduardo morria com quinze anos, deixando um testamento que substituía o de seu pai. Contrariando o Ato da Sucessão de 1544, o documento excluía Maria e Isabel da sucessão ao trono e declarava lady Jane Grey sua herdeira. Lady Jane ascendeu ao trono, mas foi deposta menos de duas semanas depois. Apoiada pelo povo, Maria entrou triunfante em Londres, com a meio-irmã Isabel a seu lado.

Maria, depois de consolidar um casamento com o príncipe espanhol Filipe, futuro rei Filipe II de Espanha, passou a temer uma possível deposição e substituição por Isabel. A Rebelião de Wyatt em 1554 procurou impedir que Maria se casasse com Filipe. A rebelião foi reprimida e Isabel foi aprisionada na Torre de Londres. O espanhol exigiu a execução de Isabel, mas poucos ingleses teriam interesse na execução de um membro da tão popular dinastia de Tudor. Jane Grey, no entanto, foi decapitada nessa ocasião. Maria tentou remover Isabel da linha de sucessão, mas o parlamento não permitiu. Após dois meses na torre, Isabel foi posta em prisão domiciliar sob a guarda de Sir Henry Bedingfield. No fim desse mesmo ano, quando Maria pensava estar grávida, foi permitido a Isabel retornar à corte com o consentimento do próprio Filipe, já que este se preocupava com a possibilidade de que, em decorrência da morte da sua esposa durante o parto, esta fosse sucedida por Maria Stuart, que acabou por se tornar rainha da Escócia. Durante o tempo restante do seu reinado, Maria I (que era católica fervorosa) perseguiu os protestantes implacavelmente. Tentaram converter Isabel, que fingiu ser católica, mantendo, na realidade, suas crenças protestantes.

Em 1558, quando da morte de Maria I, Isabel ascendeu ao trono. Era muito mais popular do que sua irmã. Diz-se que quando se soube da morte de Maria, várias pessoas saíram às ruas para comemorar.

Isabel foi coroada em 15 de Janeiro de 1559. Não havia um arcebispo da Cantuária na época para presidir a cerimónia. O último católico a ocupar o posto foi o cardeal Reginald Pole, que morreu poucas horas depois da rainha Maria. Como os principais bispos declinaram em participar na coroação (porque Isabel era filha ilegítima tanto sob a lei canónica quanto pela estatutária, além de ser protestante), foi Owen Oglethorpe, um bispo de menor importância, de Carlisle, quem a coroou. Já a comunhão não foi celebrada por Oglethorpe, mas pelo capelão pessoal da rainha, para evitar o uso dos ritos católicos. A coroação de Isabel I foi a última em que o latim foi usado durante a celebração, passando as celebrações posteriores a ser em inglês. Mais tarde, Isabel conseguiu convencer o capelão da sua mãe, o já citado Matthew Parker, a tornar-se arcebispo. Este aceitou, somente por lealdade e honra à memória da mãe da rainha, visto que considerava particularmente complicado servir a Isabel.

Um dos assuntos mais importantes durante o início do reinado de Isabel foi de matéria religiosa. O primeiro homem escolhido para tratar da questão foi sir William Cecil. O Ato da Uniformidade de 1559 requeria o uso do Livro de Oração Comum dos protestantes em serviços de igreja. O controle papal sobre a igreja da Inglaterra tinha sido restabelecido sob Maria I, mas foi anulado por Isabel. A própria rainha assumiu o título de "Suprema Governante da Igreja Anglicana", em vez de "Cabeça Suprema", já que diversos bispos e outras figuras públicas consideravam que o título era impróprio para uma mulher. O Ato de Supremacia 1559 obrigava os oficiais públicos a fazer um juramento que reconhecia o controle da Soberana sobre a igreja, cuja quebra recebia punições severas.
Muitos bispos estavam insatisfeitos com a política religiosa elizabeteana. Estes foram removidos da cadeira eclesiástica e substituídos por nomeados que mostravam maior subserviência em relação à supremacia da rainha. Apontou também um conselho privado inteiramente renovado, removendo muitos conselheiros católicos no processo. Sob o comando de Isabel, o facionalismo no conselho e nos conflitos da corte diminuiu bastante. Os conselheiros principais de Isabel eram sir William Cecil (lorde Burghley), secretário de estado, e Sir Nicholas Bacon, Lorde Guardião do Grande Selo. Entre os seus leais conselheiros e secretários, um se tornou notório por ter criado o primeiro serviço de espionagem da Inglaterra: sir Francis Walsingham era secretário de negócios internos e chefe do serviço de espionagem.

Isabel reduziu a influência da Espanha sobre a Inglaterra. Embora Filipe II a tivesse ajudado a terminar as Guerras Italianas com a paz de Cateau-Cambrésis, Isabel permaneceu diplomaticamente independente. Adotou o princípio "Inglaterra para os ingleses". Seu outro reino, a Irlanda, nunca se beneficiou de tal filosofia. A implantação de costumes ingleses na Irlanda mostrou-se impopular entre os seus habitantes, bem como a política religiosa da rainha.

Logo após sua ascensão, muitos se questionaram sobre possíveis laços matrimoniais para Isabel. A razão para nunca ter se casado é imprecisa. Pode ter sentido repulsa, motivada pelos maus tratos que as esposas de Henrique VIII haviam recebido. Outra hipótese é de que tenha sido afetada psicologicamente pela suposta relação que teria tido com lorde Seymour durante sua infância. Boatos da época imputavam-lhe um defeito físico que estava receosa de revelar: talvez marcas deixadas por varíola. É também possível que Isabel não desejasse compartilhar o poder da coroa ou que, dada a situação política instável, temesse a luta contra rebeliões apoiadas por facções aristocráticas, no caso de estabelecimento de matrimônio com algum representante de alguma dessas facções. A única coisa que se sabe com certeza é que o casamento ser-lhe-ia particularmente dispendioso e custar-lhe-ia também alguma independência, já que todas as propriedades e rendas de Isabel herdadas de seu pai seriam suas somente enquanto fosse solteira.

Também é lógico entender que só tinha duas opções, ambas más: ou desposava um estrangeiro, e neste caso corria o risco de perder não apenas a independência pessoal, mas também a de seu reino, como vira suceder com sua irmã, que fizera da Inglaterra um apêndice dos interesses espanhóis; ou se casava com um súbdito, e neste caso elevava uma família de súbditos à condição de dinastia. Manter-se solteira, dizer que "tinha desposado o seu País", foi uma sábia política que lhe garantiu boas condições de governo, além de popularidade (embora nos primeiros anos do reinado a pressão fosse grande para ela contrair matrimônio), mas ao preço de não ter um sucessor de seu corpo. Na verdade, Isabel reluta até o fim em definir quem herdará o trono. Aparentemente, sua menção mais clara à sua escolha é, no leito de morte, quando diz que "somente um rei poderá herdar o trono" que é seu, numa alusão inequívoca a Jaime VI da Escócia, que lhe sucederá como Jaime I da Inglaterra - e marcará o final da dinastia Tudor e o início da Stuart.

CONFLITOS CONTRA A FRANÇA E A ESCÓCIA
A rainha encontrou uma rival perigosa em sua prima, a católica Maria Stuart, rainha da Escócia e esposa do rei francês Francisco II. Em 1559, Maria Stuart declarara-se rainha da Inglaterra, apoiada pela França. Na Escócia, a mãe de Maria Stuart, Maria de Guise, tentou aumentar a influência dos franceses na Grã-Bretanha permitindo a construção de fortificações do exército francês em território escocês. Um grupo de senhores escoceses aliados de Isabel conseguiu depor Maria de Guise. Sob pressão inglesa, os representantes de Maria assinaram o tratado de Edimburgo, que ordenava que as tropas francesas se retirassem da Escócia. Embora Maria recusasse veementemente ratificar o tratado, este teve o efeito desejado, e a ameaça representada pela França foi removida da Grã-Bretanha.

Quando seu marido morreu, Maria Stuart retornou à Escócia. Enquanto isso, na França, a perseguição católica aos huguenotes deflagrou as Guerras Religiosas Francesas. Isabel, secretamente auxiliou os huguenotes. Fez a paz com a França em 1564, desistindo de reivindicar a última possessão inglesa na França continental, Calais, após a derrota de uma expedição inglesa em Le Havre. Isabel, entretanto, não abriu mão da sua reivindicação à Coroa Francesa, que tinha sido mantida desde o reino de Eduardo III durante a Guerra dos Cem Anos (século XIV). Tal pretensão foi apenas renunciada pelos monarcas britânicos no reinado Jorge III no século XVIII.

CRISES
No final de 1562, Isabel contraiu varíola, mas sobreviveu. Em 1563, alarmado pela doença quase-fatal da rainha, o Parlamento exigiu que ela se casasse ou nomeasse um herdeiro para impedir a guerra civil caso viesse a morrer. Ela recusou-se a fazer ambas as coisas, e em abril, colocou o Parlamento em recesso, como era sua prerrogativa. O Parlamento não pôde, portanto voltar ao assunto até Isabel precisar do seu consentimento para aumentar os impostos, em 1566. A Câmara dos Comuns ameaçou reter fundos até que a rainha concordasse em indicar um sucessor, mas ela recusou-se novamente.
Diferentes linhas de sucessão foram consideradas durante o reinado de Isabel. Uma linha possível era a de Margarida Tudor, irmã mais velha de Henrique VIII, que passava por Maria I da Escócia (Maria Stuart). A outra alternativa provável descendia de uma irmã mais nova de Henrique, Maria Tudor, duquesa de Suffolk; nesse caso, a próxima rainha seria lady Catherine Grey, irmã de Jane Grey. Uma possibilidade ainda mais remota seria a ascensão de Henry Hastings, o conde de Huntingdon, que poderia reivindicar sua descendência de Eduardo III (século XV). Cada herdeiro possível tinha alguma desvantagem: Maria I era católica, lady Grey casara-se sem o consentimento da rainha e Lorde Huntingdon, que era puritano, nem sequer tinha quaisquer pretensões de aceitar a coroa.

Maria Stuart sofria com seus próprios problemas na Escócia. Isabel tinha sugerido que se casasse com o protestante Robert Dudley, primeiro conde de Leicester, como tentativa de influenciar a linha de sucessão da Escócia. Leicester, na verdade, teria sido amante da própria Isabel. Maria Stuart recusou e, em 1565, casou com o católico Henry Stuart, Lorde' Darnley. Este, porém, foi assassinado em 1567, depois de o casal já ter passado por várias brigas e disputas entre si. Maria, em seguida, casou-se com o suposto assassino do próprio marido, James Hepburn, conde de Bothwell. Os nobres escoceses se rebelaram, aprisionando Maria e forçando-a a abdicar em favor de seu filho, que assumiu com o nome de Jaime VI.

Em 1568 morreu Catherine Grey, a última herdeira viável ao trono inglês. Deixou um filho, mas foi considerado ilegítimo. Sua herdeira era sua irmã, lady Maria Grey. Isabel foi forçada novamente a considerar um sucessor escocês, da linha da irmã do seu pai, Margarida Tudor. No entanto Maria I (Maria Stuart), era impopular na Escócia, onde continuava aprisionada. Mais tarde, escapou de sua prisão e fugiu para Inglaterra, onde foi capturada por forças inglesas. Isabel se viu perante um dilema: enviá-la aos nobres escoceses seria considerado cruel demais; enviá-la à França torná-la-ia um trunfo poderoso nas mãos do rei francês; restaurar-lhe o trono da Escócia poderia ser visto como um gesto heróico, mas causaria grande tensão entre os escoceses; aprisioná-la na Inglaterra permitiria a participação directa de Maria em conjuras contra a rainha. Isabel escolheu esta última opção: Maria foi confinada por dezoito anos, a maior parte deles no castelo e mansão de Sheffield, sob custódia de George Talbot. Embora a peça de Schiller, Maria Stuart, traduzida ao português pelo poeta Manuel Bandeira, tenha um de seus momentos altos no dramático confronto das duas rainhas após quase dezoito anos de reclusão da escocesa, a verdade é que nunca se encontraram.

Em 1569, Isabel enfrentou um grande levante conhecido como a rebelião do Norte, instigada por Thomas Howard (duque de Norfolk), Charles Neville (conde de Westmorland) e Thomas Percy, (conde de Northumberland). O papa Pio V apoiou a rebelião católica excomungando Isabel e declarando-a deposta em uma bula papal. A bula da deposição, Regnans in Excelsis, foi emitida somente em 1570, quando a rebelião já tinha sido derrotada. Entretanto, depois deste ato pontifício, a política de Isabel de tolerância religiosa se tornou impraticável. Passou a perseguir seus inimigos religiosos, o que levou ao surgimento de novas conspirações católicas para removê-la do trono. Na verdade, porém, padres católicos eram tolerados, ao passo que os sacerdotes jesuítas, e somente eles, eram executados com a crueldade usual da época.

O inimigo seguinte a enfrentar Isabel foi seu antigo cunhado, Filipe II, rei da Espanha. Depois de Filipe ter lançado um ataque da surpresa aos navios corsários dos capitães Francis Drake e John Hawkins em 1568, Isabel requisitou a captura de um navio do tesouro espanhol em 1569. A atenção da Espanha já estava voltada para a Holanda onde tentava debelar uma rebelião e não tinha recursos disponíveis para declarar uma guerra contra a Inglaterra.

Filipe II participou de mais de uma conspiração para destronar Isabel, ainda que de forma relutante nalguns casos. O quarto duque de Norfolk se envolveu também no primeiro destes complôs: a Conspiração de Ridolfi de 1571. Depois desta conspiração católica ter sido descoberta e frustrada, o duque de Norfolk foi executado e Maria Stuart perdeu a pouca liberdade que lhe restava. A Espanha, que vinha estabelecendo relações cordiais com Inglaterra desde a união de Filipe à antecessora de Isabel, passou a mostrar-se hostil.

Em 1571, Sir William Cecil tornou-se barão de Burghley e em 1572 foi elevado à importante posição de tesoureiro-mor. Seu posto como secretário de estado foi ocupado pelo chefe da rede de espionagem de Isabel, Sir Francis Walsingham.

Também em 1572, Isabel fez uma aliança com a França. O Massacre da noite de São Bartolomeu, em que milhares de protestantes franceses foram mortos, fragilizou a aliança, mas não a quebrou. Isabel até mesmo começou negociações sobre uma união com Henrique, duque de Anjou (e depois rei Henrique III de França e Polónia). Mais tarde, negociou outro casamento com o irmão mais novo de Henrique, François, duque de Anjou e de Alençon. Conta-se que durante uma viagem posterior a França em 1581, Isabel "retirou um anel de seu dedo e o pôs na mão do duque de Anjou, como indicativo de determinadas condições existentes entre os dois". O embaixador espanhol relatou que ela realmente tinha declarado que o duque de Anjou seria seu marido. Entretanto, Anjou, que diziam ser homossexual, retornou a França e morreu em 1584 antes que pudesse se casar.

GUERRA CONTRA ESPANHA
Em 1580, o papa Gregório XIII enviou forças para ajudar as rebeliões de Desmond na Irlanda que, no entanto, falharam. A rebelião foi dada como terminada em 1583. Enquanto isso Portugal e Espanha formavam a União Ibérica, assim Filipe II de Espanha, I de Portugal, junto com o trono português, recebeu o comando de alto-mar. Após o assassinato do estadista holandês William I, a Inglaterra começou a apoiar abertamente as Províncias Unidas dos Países Baixos, que se rebelavam na época contra o domínio espanhol. Esta situação, em conjunto com o conflito económico com a Espanha e a pirataria inglesa contra colónias espanholas, conduziu à deflagração da guerra Anglo-Espanhola em 1585. Em 1586 o embaixador espanhol foi expulso da Inglaterra por sua participação em conspirações contra Elizabeth. Temendo tais conspirações, o parlamento promulgou o Ato da Associação de 1584, que ditava que qualquer associado numa conjura para assassinar o soberano seria imediatamente excluído da linha de sucessão. A despeito do Ato, uma tentativa posterior de golpe contra Isabel tomou forma e ficou conhecida como a Conspiração de Babington. A conspiração foi descoberta por Sir Francis Walsingham, responsável pela rede de espiões inglesa. Maria Stuart a Rainha da Escócia foi acusada de cumplicidade e foi executada no castelo de Fotheringhay em 8 de fevereiro de 1587.

Em seu testamento, Maria deixou para Filipe sua reivindicação ao trono inglês. Filipe começou então a planear uma invasão. Em abril de 1587, Sir Francis Drake queimou a frota espanhola em Cádiz, retardando os planos espanhóis. Em julho de 1588, a Armada Espanhola, uma grande frota de 130 navios carregando cerca de 30 000 homens, lançou velas na esperança de ajudar o exército espanhol, sob o comando do duque de Parma e que estava na Holanda, a atravessar o canal da Mancha e começar a invasão. Elizabeth tentou incentivar suas tropas com um discurso notável: o discurso às tropas em Tilbury onde ficou famosa a frase: "sei que tenho o corpo de uma mulher fraca e frágil; mas tenho também o coração e o estômago de um rei - e de um rei de Inglaterra!".

O ataque espanhol foi repelido pela frota inglesa, comandada por Charles Howard e por Sir Francis Drake, ajudados pelo mau-tempo no dia da batalha. A Invencível Armada foi forçada a retornar a Espanha. A popularidade de Isabel aumentou de forma extraordinária com a vitória. A batalha, entretanto, não foi decisiva, e a guerra com a Espanha continuou. A guerra foi travada também nos Países Baixos, que continuaram a lutar pela independência, e na França, onde um protestante, Henrique IV, reivindicou o trono. Isabel enviou 20 000 homens e subsídios de £300 000 para apoiar Henrique IV, além de 8 000 tropas e subsídios de £1 000 000 para os holandeses. Mesmo depois de Henrique quebrar sua promessa e se converter ao catolicismo, Isabel permaneceu ao seu lado.

Os navios corsários ingleses continuaram atacando navios do tesouro espanhóis vindos das Américas. Os corsários mais famosos foram o Sir John Hawkins e Sir Martin Frobisher. Em 1595 e em 1596, uma expedição desastrosa levou às mortes tanto de John Hawkins quanto de Francis Drake. Também em 1595, uma força espanhola desembarcou na Cornualha. Depois de queimarem algumas vilas e saquear suprimentos, retornaram a Espanha.

Em 1596, a Inglaterra se retirou por fim da França, com Henrique IV já plenamente estabelecido no trono, depois de desfeita a liga católica que a ele se tinha oposto. Isabel enviou 2 000 tropas adicionais para França depois da tomada espanhola de Calais. A Inglaterra tentou atacar os Açores em 1597, mas falhou. Algumas batalhas ainda ocorreram até 1598, quando França e Espanha fizeram finalmente as pazes. A guerra Anglo-Espanhola entrou num impasse depois da morte de Filipe II naquele ano. Em parte por causa da guerra, as tentativas ultramarinas de colonização, por parte de Raleigh e de Gilbert falharam, e os assentamentos norte-americanos se estagnaram até Jaime I negociar a paz no tratado de Londres (1604).


O FIM DA VIDA
Em 1598, o principal conselheiro de Isabel, Lorde Burghley, morreu. O seu cargo político foi então herdado por seu filho, Robert Cecil, que já ocupava a secretaria de estado desde 1590. Isabel tornou-se um tanto impopular por causa de sua prática de conceder monopólios reais, o que motivava constantes reclamações por parte do parlamento. Em seu famoso "Discurso Dourado", Isabel prometeu reformas. Logo depois, doze monopólios reais foram extintos por decreto real. Mas estas reformas foram superficiais e a prática de obter fundos das concessões de monopólios continuou.

Ao mesmo tempo em que enfrentava a Espanha, a Inglaterra enfrentou também uma rebelião na Irlanda, conhecida como Guerra dos Nove anos. Hugh O'Neill, conde de Tyrone, proclamara-se rei, pelo que foi declarado um traidor em 1595. Na tentativa de evitar duas guerras, Isabel fez uma trégua com Tyrone, que imediatamente procurou auxílio junto do rei espanhol. A Espanha tentou enviar duas armadas para a Irlanda, mas ambas as expedições falharam. Em 1598, Tyrone ofereceu uma trégua. Depois dessa trégua expirar, os ingleses enfrentaram sua pior derrota, durante a rebelião irlandesa na batalha de Yellow Ford.

Um dos principais membros da marinha, Robert Devereux, 2º Conde de Essex, foi nomeado Lorde-tenente da Irlanda e foi incumbido de esmagar a rebelião irlandesa, em 1599. Falhou completamente e retornou a Inglaterra sem a permissão da rainha em 1600, sendo punido por isso com a perda de todos os seus cargos políticos. Um ano depois, conduziria uma revolta contra a rainha e acabou sendo executado. Essex, enteado do já falecido conde de Leicester, teria sido amante da rainha - e se não foi, houve pelo menos amor dela por ele; mandar executá-lo foi extremamente duro para a velha monarca.

Charles Blount, barão de Mountjoy foi, então, enviado à Irlanda para substituir o conde de Essex. Lorde Mountjoy tentou bloquear as tropas de Tyrone e submetê-las pela fome. Nesse momento, a Espanha enviou 3 000 tropas para ajudar os irlandeses. A coroa espanhola justificava a intervenção lembrando que Isabel anteriormente tinha ajudado a rebelião holandesa contra a Espanha. Mountjoy derrotou as tropas espanholas e irlandesas na batalha de Kinsale. O Conde de Tyrone rendeu-se alguns dias depois da morte de Isabel.
Isabel I adoeceu em fevereiro de 1603, sofrendo de fraquezas e insónia. Morreu em 24 de março no palácio de Richmond. Com sessenta e nove anos de idade, foi a mais longeva monarca a governar a Inglaterra até sua época. Sua marca só foi superada quando Jorge II morreu com setenta e sete anos em 1760. Isabel foi enterrada na abadia de Westminster, ao lado de sua irmã Maria I. O epitáfio de seu túmulo é a inscrição latina "Parceiras no trono e na sepultura, descansamos aqui duas irmãs, Isabel e Maria, na esperança de uma ressurreição".

O testamento deixado por Henrique VIII declarava que Isabel devia ser sucedida pelos descendentes de sua irmã mais velha, Maria Tudor, duquesa do Suffolk, em detrimento dos descendentes escoceses de sua irmã mais velha, Maria Tudor. Se sua vontade fosse atendida, Isabel seria sucedida então por lady Anne Stanley. Se, entretanto, as regras da primogenitura masculina prevalecessem, o sucessor seria Jaime VI, rei de Escócia. Outros nobres podiam ainda reivindicar o trono. Incluíam-se entre estes o Sr. Edward Seymour, barão de Beauchamp (filho ilegítimo de lady Catherine Grey) e William Stanley, conde de Derby (tio de Anne Stanley).

Algumas fontes históricas referem que Isabel nomeou Jaime seu herdeiro em seu leito de morte. De acordo com uma história duvidosa, quando questionada sobre quem nomearia como herdeiro, Isabel teria respondido, "quem poderia ser além de meu primo da Escócia?". De acordo com outra, disse, "quem além de um rei poderia suceder uma rainha?". Finalmente, uma terceira lenda sugere que permaneceu em silêncio até sua morte. Não há nenhuma evidência para provar qualquer desses episódios. Em todo caso, nenhum dos herdeiros alternativos reivindicou trono. Jaime VI, o único sucessor viável, foi proclamado rei de Inglaterra com o nome de Jaime I algumas horas após a morte de Isabel. A proclamação de Jaime I abriu um precedente histórico porque foi feita, não pelo próprio monarca, mas por um Conselho de Ascensão, já que Jaime se encontrava na Escócia. Os conselhos de ascensão e não os novos monarcas continuam a fazer a proclamação dos reis na prática moderna.

Isabel provou ser um dos monarcas mais populares da história da Inglaterra. Ela ocupou o sétimo lugar na lista dos Cem Maiores Britânicos, que foi organizada pela BBC em 2002, superando todos os outros monarcas que apareceram no ranking.

Já os historiadores em geral parecem não admirar tanto o reinado de Isabel. Embora durante este período a Inglaterra tenha obtido muitas vitórias militares, Isabel foi uma figura bem menos central do que outros monarcas como, por exemplo, Henrique V. Isabel foi criticada também por apoiar o tráfico de escravos na Inglaterra. Seus problemas com a Irlanda servem também para manchar seus registros.

Por outro lado, Isabel foi uma rainha bem sucedida, ajudando firmemente a nação, mesmo herdando um enorme débito nacional de sua irmã Maria. Sob o seu comando, a Inglaterra evitou uma invasão espanhola. Isabel também conseguiu impedir a deflagração de uma guerra religiosa ou civil no solo inglês. Suas realizações, entretanto, foram exageradamente louvadas após sua morte. Foi descrita alguns anos mais tarde como uma grande defensora do Protestantismo na Europa quando, na realidade, hesitava frequentemente antes de vir em auxílio de seus aliados protestantes. Como sir Walter Raleigh disse em relação à sua política estrangeira, "sua Majestade fez tudo pela metade".

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